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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Pregoeiros no poder

Tema:

Para um partido, a eleição está tão garantida quanto maior for o número de indecisos convencidos antes da votação. Por outras palavras, a certeza da vitória é tanto maior quanto mais a opinião pública estiver a seu favor, pois parte-se do princípio de que ela expressa o que pensa e fará o conjunto dos eleitores.
Portanto, uma boa imagem do futuro é o iman para atrair votos. A ferramenta que constrói essa imagem chama-se notícia. O conjunto sequencial de notícias constitui uma campanha. Deste modo, os pregoeiros ao disseminar notícias são a coluna vertebral da campanha (antes, durante e depois), daí o seu poder.

Índice
I   - Génese do bug
       A - Introdução
       B - Janela de percepção
II  - O bug e os Ilusionistas
III - Conclusão
       Não trocar os pés


I - Génese do bug

A - Introdução

Uma notícia é [... eu saber, aqui e agora, 
o que aconteceu lá, onde eu não estive].
Isto quer dizer que uma notícia pressupõe sempre um intermediário que dá essas informações através de um relato. Como é óbvio o relato depende sempre de quem o construiu em função do que seleccionou e da “arrumação “ que lhe deu.

Convém nunca confundir o mapa com o terreno, pois o mapa indica mas, não é o real, é uma sua imagem. Do mesmo modo, convém não confundir notícias com acontecimentos. Notícias são relatos, são  imagens de pedaços do real, não são a realidade que tem milhares de características.
Porém, por hábito de raciocínio, notícias e realidade coincidem, essa coincidência cria as certezas em que se baseiam as decisões.

Como exemplo, imagine que a viagem ao futuro é possível e que, depois quando regressa, na vida real tudo sucede exactamente como viu.
No dia de aniversário, resolve ir ao futuro observar a família daí a um ano. Chegado lá, vê o seu pai, triste e sozinho numa sala, lendo no jornal a notícia da sua morte num desastre de automóvel no dia anterior.
Regressado ao presente, das três alternativas abaixo descritas, escolha a(s) certeza(s) que tem para um ano depois:

a - que a sua mãe já morreu;
b - que você morreu no dia anterior;
c - que sua mulher e filhos estão vivos.

Já escolheu? Quais são?

Qualquer que seja a escolha feita, ela está errada pois nenhuma dá certezas. Na verdade, não sabe o que aconteceu a si, nem à sua mãe, mulher e filhos. A única certeza que tem é que a notícia da sua morte saiu no jornal, mas não sabe se reflecte, ou não, a realidade.

Em conclusão, notícias concretas e objectivas não significam factos concretos e objectivos, significam apenas "pensares" de um relator, seja ele o jornalista credenciado, o vizinho da esquina ou a bilhardeira do bairro. A diferença entre eles está no nível de credibilidade que possuem na mente do receptor e, qualquer que seja a sua intensidade, não altera o nível de veracidade da notícia. A credibilidade e a veracidade não têm uma relação directa.

 Na prática, a credibilidade pode nascer por duas vias: credulismo ou lucidez,


ou seja, a difusão social e política da notícia pode inserir-se nas "...vagas de crenças e mitos ou na "clearance" (depuração, limpeza) de factos e raciocínios", pois a notícia, como elemento social por excelência, alimenta-se e adapta-se à dominância cultural existente.

Sociologicamente, a análise do rumor, seu conteúdo, características e uso, é um bom "termómetro" para sinalizar a intensidade de credulismo ou de lucidez da cultura de uma comunidade.

No caso da notícia, a sua credibilidade pode ser suportada pelo rigor com que o leitor avalia os detalhes e analisa o conteúdo, quer ela seja acompanhada, ou não, de grande reputação da sua origem. A credibilidade baseia-se na lucidez do receptor e não no prestígio da origem.
Como é óbvio nesta alternativa, as redes socais são uma fonte de informação válida pelas "pistas" fornecidas a serem confirmadas e não aceites de imediato.

Outra alternativa é a credibilidade da notícia ser obtida por colagem à credibilidade da fonte, isto é, "se a origem é esta, então a notícia é válida" e  "se a origem não tem credenciais, então a notícia é lixo".

Segundo alguns autores, esta técnica induz um padrão de preguiça mental (lazy thinker), aceitando, acreditando e usando a "voz dos deuses", os VIP´s e os credenciados. Quando, não há um "deus a falar" a notícia não interessa, são apenas resmungos de gentinha/ralé (riffraff grumbling).
Em consequência, neste caso, as redes sociais são consideradas uma espécie de "perigo" cultural que fomenta conclusões erradas. Só se deve ler a "cartilha oficial", pois usar outras informações é perigoso.

Como ilustração, um pequeno vídeo de uma origem que gosto e admiro, "Os gatos fedorentos", mas apesar disso discordo da mensagem de defesa da credulidade:



B - Janela de percepção

Na linha do pensamento de Piaget, quando um coelho come um repolho, não é o coelho que se transforma em repolho, é o repolho que se transforma em coelho.
Isto significa que, quando alguém adquire uma informação (ver, ouvir, viver, etc...), a pessoa incorpora, digere e adapta essa informação a si próprio.
In brevis, o receptor transforma a informação nele e não é ele que se transforma na informação. Deste modo, quando a retransmite ela já não é a informação recebida, mas sim a informação adaptada a si próprio. O "facto-do-relator" passou a ser o "facto-interpretado-pelo-receptor".

Como ilustração, os factos apresentados num mesmo dia por sete jornais, depois de filtrados (bottleneck) por suas selecções, prioridades, objectivos, etc,  e destinados a serem pensados pelos seus leitores:

As primeiras páginas de jornais do dia 24 Julho 2015
Como se vê as primeiras páginas são todas diferentes, cada jornal dá uma parcela do real, adaptada à sua "agenda pessoal", pois o texto, tamanho, disposição, imagens, etc, são escolhidas em função de significados próprios de cada redacção. Este processo não é uma falsidade, é a própria natureza da notícia que o exige pois "o relator faz parte do relato".

Por sua vez, o significado detonado no leitor por cada notícia depende do seu pensar ao "encaixá-la" no que já tem em arquivo ou, parafraseando Piaget, por "digeri-la" ou, mais tecnicamente, por construir a sua compreensão.

Com esta intrusão, imprescindível mas "intrusiva", surge um quarto poder - o massmedia - que, como redactor, produtor e difusor da notícia, interfere na vida sociomental da comunidade.
Como exemplo, o sorriso da personagem na capa de uma revista fomenta significações diferentes em função de "designs" diferentes:
A transformação da personalidade em notícia "A" ou "B"
A alteração da paisagem de cemitério para jardim altera o significado do sorriso. A diferença não é uma questão estética, é uma questão de "controlo do significado" comunicado.

Esta intrusão do noticiador com a sua multifunção de redactor-produtor-difusor dá-lhe o papel social de "cirurgião" da opinião pública. Ele, apesar de não ser eleito, adquire um poder interventor bastante eficaz na gestão da democracia (ver vídeo final). 

No debate TV, Passos Coelho versus António Costa, em 9 Set. 2015, a "paisagem" em que ambos apareceram,  provocou "sentires" diferentes no clima de audição de suas palavras:

Uma pergunta interessante: como e onde estavam as câmaras TV???
Passos Coelho conversa dentro de um mundo acinzentado, discretamente "perdido" na paisagem monótona, com câmara oblíqua e seu efeito de evitar olhar o telespectador (desconfirmando-o?),.
António Costa fala dentro de um mundo de luz e cor, nitidamente "realçado" na paisagem atractiva, com câmara frontal e seu efeito de "olhos nos olhos" com o telespectador (confirmando-o?).

A audiência saltitando de um para o outro, acompanha o significado cognitivo das frases com o significado afectivo de imagens diferentes. Passos Coelho no estilo "longe de vocês" e fugidio no fundo neutro e António Costa no estilo "próximo de vocês" e presente no fundo agradável.

Estas pequenas diferenças de contexto podem parecer não importantes, mas todos sabemos que pedidos de casamento se fazem acompanhados de valsas com violinos e nunca de marchas militares com tambores. Os detalhes são fundamentais diz a regra número um de qualquer folheto sobre propaganda, estratégia e/ou comunicação.

Como teste, se espectadores exteriores analisarem as fotos deste debate para diagnóstico do mais activo e mais "cozy" (acolhedor, conversador), as opções não serão difíceis.
Ainda como reforço, repare-se na imagem "shining" (brilhante, resplandescente), cheia de luz e cor, e atitude "cozy", do profissional TV:


Convém salientar que as diferenças descritas não significam necessariamente um manipulador, podem ser apenas o resultado de um fluir de opções "naturais" que foram feitas, mas essa naturalidade não nega a manipulação da mensagem.
Não confundir falta de manipulador com falta de manipulação, a gravidade não tem manipulador mas   faz o mais pesado cair, ...todavia os aviões voam, ou seja, o ser natural não é um determinismo é só um ponto de partida.

Até aos finais do século XX, os noticiadores estavam em hegemonia, só dependendo das lutas de poder dentro da "guilda" das notícias. Porém no séc XXI, com a internet leak's, redes sociais, blogs, fóruns, etc, esta "guilda" perdeu a hegemonia.

O Factor Crítico  de Sucesso de todo este funcionamento é o indivíduo. Na verdade, "...sem observador não há facto a noticiar" e "...sem leitor não há notícia". Assim, ter-se-á dois processos acoplados:

A - As notícias resultam da simbiose da "Situação com o Observador". Em esquema:

Situação mais relator = notícia
No exemplo, a situação "cão e gato juntos" pode ser interpretada de  modos diferentes. Para um relator o facto é o "cão em cima de gato" e origina a notícia "cão a dormir esmaga gato", pois considera o gato "esborrachado" pelo cão.
Porém, para outro relator o facto é "gato debaixo do cão" e origina a notícia "gato com cão ao colo", pois considera o gato "aninhado" e acarinhando o cão.

Em conclusão, a mesma situação com dois relatores de perspectivas diferentes, produz duas notícias diferentes, não só porque vêem situações diferentes (cão por cima ou gato por baixo) e com significados diferentes (agressão ou carinho).
A realidade é um mundo de diferenças, a igualdade são abstracções para facilitar arrumações mentais, nunca há duas árvores iguais, duas flores iguais, dois cães iguais, dois lápis iguais, etc.

B - As opiniões resultam da simbiose "Notícia mais Leitor". Em esquema:

Notícia mais leitor = opinião

Notícias diferentes fomentam opiniões diferentes. A notícia "cão a dormir esmaga gato" atrai a opinião pública de que é preciso cuidado com cães grandes e bebés, mas a notícia "gato com o cão ao colo" sugere que gatos ao pé de bebés é bom.

Convém salientar que a consequência cultural não tem esta simplicidade. Na verdade, a variabilidade e complexidade são sempre grandes pois há muitos factores em jogo, tais como informações prévias, experiências, crenças, cultura, referências de cada leitor, etc.

Neste sentido, a regra da propaganda diz que a notícia a veicular deve ser pensada em função das "janelas de percepção" da generalidade dos leitores e não a partir da imagem e das qualidades do que é proposto para ser compreendido.
Em resumo, a notícia deve ser susceptível de inserir  o desejado "...na mente do leitor, através das suas "janelas de percepção". Exemplo:

Dizia o vendedor:
- Com este carro consegue chegar a Paris em 24 horas!!!!!
Respondia o comprador:
-...mas eu não quero ir a Paris!!!

ou seja, o vendedor apresenta factos correctos mas para "janela de percepção" errada. Em complemento, raciocínios errados e/ou lógicas deturpadas provocam "janelas de percepção" distorcidas.

Como exemplo, um debate não é um jogo de futebol, o modelo do raciocínio perder-ganhar não pode ser o mesmo nos dois. O uso mistificador deste bug aparece, não só nos raciocínios de alguns comentadores, como também em análises "estatísticas" de resultados:

in "Jornal de Negócios" (on line)
Num jogo de futebol, o resultado "4 a 3" é sempre um resultado "4 a 3" qualquer que seja o observador, portanto este tipo de raciocínio é válido.
Num debate, a situação é diferente. O resultado são as opiniões criadas pelas "falas" de cada interlocutor nas pessoas que assistem, portanto, avaliar estatisticamente o "perder ou ganhar" só pode ser feito se for referido o grupo em que isso acontece.

No debate atrás citado entre PSD-PS, pode considerar-se três grupos diferentes de audiências com diferentes "janelas de percepção", entre outros, os votantes PSD, votantes PS e votantes indecisos.

Isto significa que argumentos e atitudes de valor positivo para uns (i.é., vitória) pode significar valor negativo para outros (i.é., derrota). A consequência é que afirmar vitória ou derrota sem precisar o grupo que o afirmou, significa que essa estatística é balela não é informação, o seu valor é apenas propaganda, consciente ou inconsciente.

Na prática,
√ -  100 pessoas PS a responder António Costa e 50 pessoas PSD a responder Passos Coelho, significa que A. Costa ganhou no grupo PS e P. Coelho ganhou no grupo PSD!
√ - 50 pessoas PS a responder António Costa e 100 pessoas PSD a responder Passos Coelho, significa que A. Costa ganhou no grupo PS e P. Coelho ganhou no grupo PSD!

ou seja, não se conclui nada acerca do debate, mas pode concluir-se que a pertença grupal PS e PSD estão firmes.

Por exemplo, a afirmação peremptória de recusa a consensos dita pelo candidato PS, pode ser uma vitória para o votante PS e uma derrota para o votante PSD mas, de qualquer modo, ambas são inócuas na mudança do voto já definido.

Porém, se se pensar no votante indeciso, isso poderá ser vitória ou derrota para o candidato PS:

√ - Se o votante indeciso, preocupado com soluções para o país, pensar que a recusa de consensos significa guerras e bloqueios e não construção colaborativa, significará derrota para o candidato PS (i.é., perda de um voto).
√ - Se pelo contrário, está farto de "bla-bla-bla" sem levar a lado nenhum e quer decisões firmes, significará vitória para o candidato PS (i.é., ganho de um voto).
√ - Se essa afirmação não lhe significar nada, ficará à espera da continuação para decidir (i.é., empate).

Em conclusão, pensar e analisar eleições com raciocínios de claques clubistas (válidos nesse contexto) é como ouvir um concerto de Mozart com sonômetros para medir decibéis, apesar de ser válido como análise de ruído nas fábricas.


II - O bug e os ilusionistas

A matéria prima das eleições são os eleitores. São eles que produzem decisões (votos) e com seus votos entregam o poder a alguém. Controlar as decisões (votos) é, portanto, controlar o mercado do poder político.

Este controlo pelas notícias baseia-se no encadeamento dos dois processos atrás citados, onde as notícias são o resultado de um e o início do outro:


Assim, o bug acontece porque os leitores apenas têm acesso ao segundo processo, o que permite o bug do Truque do Ilusionista. O exemplo clássico deste truque é a manipulação da atenção dos espectadores para olhar para outro lado e possibilitar mudar a cartola-coelho para a cartola-pomba.


No caso da notícia, impede-se que se pense no seu fabrico (esquema a preto) e se pense apenas no seu uso (esquema a vermelho) e o que poderá acontecer. Abandona-se o real e trabalha-se no virtual (vide vídeo final).
Esta manipulação é tanto mais fácil quanto mais a cultura vigente vive dentro de crenças (inside creed) e com cegueira e recusa à diferença (change blindness).

Este ilusionismo baseia-se no efeito já descrito de que toda a notícia produz no receptor uma realidade virtual a ser vivida como real. A manipulação resulta dos factos que circulam na opinião pública não serem exactamente factos reais, mas apenas virtuais construídos para ilusões.

Na balbúrdia informativa que nos rodeia desde jornais e revistas até TV e rádio, a propaganda inserida não se destina a comunicar, nem a informar, mas apenas a "anzolar" (ancrage) com ideias a percepção do receptor. Em linguagem simples é "pôr na mente" ideias activas, com o objectivo de atrair semelhantes e orientar decisões.

Paradoxalmente, quanto maior é a "bagunça" comunicativa, maior é a angústia e, portanto, maior é a atracção por pontos fixos, reconhecidos e repetidos como sucede com slogans, ladainhas e repetições. E assim o bug funciona. 

Na vida política, a importância do real passa para 2º plano e a notícia passa para 1º plano. Com esta reviravolta, o novo actor político - 4º poder - instala-se com seus peritos de "ancrage" (anzolamento) e de produção de "virtuais" em diversas especialidades (relatores, comentadores, técnicos de imagem e comunicação, etc).
Como exemplo, um pequeno vídeo (5m) de um "Ilusionista", técnico de "ancrage" (Robert de Niro), Assessor do Presidente USA, a esconder um problema político dentro de outros mais atractivos com a ajuda de técnicos produtores de "virtuais" (Dustin Hoffman entre outros) do 4ª poder.

(Wag the dog com Robert de Niro, Dustin Hoffman).


Conclusão

Dantes, numa crise corria-se para a praça pública para ouvir o pregoeiro e, junto com outros, pensar no problema. Hoje, foge-se para casa, onde sozinho e em sossego, se enfrenta o jornal, televisão, internet e  rádio. A informação aumentou e a comunicação baixou.

O poder de "pôr na mente" depende mais da avidez-angústia de quem ouve do que de quem relata. Por isso, gerir a avidez-angústia do receptor é uma fase importante da propaganda, como se vê claramente na estratégia seguida no filme "wag the dog" a que se refere o clip apresentado.

Em síntese, o mecanismo é:

1- a opinião colectiva dos cidadãos origina a eleição de representantes;
2- os representantes agem politicamente;
3- o massmedia analisa, critica e constroi notícias sobre a acção dos representantes;
4- os cidadãos recebem as notícias e constroem uma opinião pública;
5- a opinião pública transforma-se em opinião colectiva;
6- a opinião colectiva dos cidadãos origina a eleição de representantes.

Em esquema:


Não trocar os pés

A notícia é o fluir fundamental de informações que faz viver e alimenta toda a comunidade. Em qualquer sociedade, quando este fluir das notícias morre, a comunidade também definha e morre.

A junção sociedade-notícias pode ter  quatro alternativas, três negativas (acumuláveis) e uma positiva:

NEGATIVA (1) - os políticos desinteressam-se do real como factor fundamental e actuam com os olhos postos no que acontecerá à opinião pública se tomarem esta ou aquela decisão. 
O centro da Democracia deixará de estar nos problemas para estar nas imagens criadas na opinião pública pelas notícias. A Democracia torna-se dependente do mundo virtual.

NEGATIVA (2) - os cidadãos tornam-se "lazy thinker" (zombies mentais) e vivem centrados na "voz dos deuses", embalados pela "pertença a multidões" no  padrão "se todos fazem, eu também faço". A História contém vários exemplos históricos.

NEGATIVA (3) - o poder instituído destrói as notícias que substitui por ladainhas indutoras de manipulação, com ou sem conivência dos profissionais da área. Existem diversos exemplos quer na História, quer em ficções literárias, mas a mais primitiva e primária é a censura "hard ou soft".

POSITIVA - As notícias vivem o seu processo natural de auto-condicionamento, ou seja, são sempre dependentes de quem as cria, por isso é fundamental serem cada vez mais e melhores. A segurança e confiança das notícias vem da sua diversidade e quantidade (modelo Democracia) e não da sua homogeneidade e/ou garantias da origem (modelo Ditadura).

A complexidade resultante não deve resolvida por simplificar as notícias, mas por aumentar a capacitação e potenciação dos cidadãos... NÃO CONVÉM TROCAR OS PÉS!!!


Continuação...

... a Democracia vive e alimenta-se desta complexidade das notícias, por isso é fundamental não ter "O nariz no umbigo"... e assim surge o 12º post.

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Indice do Blog
(com links para os posts já publicados)

No princípio era o caos
A viragem da civilização 
Fugindo da estupidez organizacional
A evolução aos "éssses 

Temporada 2 - Soluções?
Não guiar pelo espelho retrovisor

Morreu o consensus, viva o dissensus

A técnica do Jazz e o dissensus
E assim, co-labora ou morre

E por fim, a democracia da cumplicidade 
Aqui no futuro?

O 1º sonho

Video resumo: Nova Democracia

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Nos indecisos está o futuro -Parte 2

Tema:
Em todas as Democracias, é normal a existência de numerosos cidadãos indecisos em quem votar e resistindo até ao último momento. Os "democratas assumidos" avaliam-nos como um mal necessário no funcionamento democrático, porém esta posição cria uma distracção que esconde o fundamental, isto é, eles não são doentes, são saudáveis a lutar contra doenças.

Os cidadãos indecisos são apenas cidadãos inteligentes, irredutíveis, que não desistem de votar com lucidez no seu voto. Por outras palavras, recusam-se a aceitar que tudo está bem e que o problema é deles quando, na verdade, sentem que está mal e é a votação que tem problemas. 
Assim, o seu elevado número nas Democracias expressa a presença de anticorpos saudáveis a reagir a virus endémicos (bugs) em situações bem definidas, as eleições.

Índice
Parte 1 (post anterior)
√ - Introdução
√ - A neutralidade
√ - Os votantes
√ - O bug "só votas SIM"

Parte 2 (post actual)
√ - O bugzinho dentro do bug
√ - A derrota do bug
   - Q&AM
√ - Conclusão


O bugzinho dentro do bug

O bug "só votas SIM", atrás descrito (post 10), contem um outro bugzinho sob a forma do dilema das "Falsas Escolhas".

Como se viu, a essência do bug "só votas SIM" é que, para dizer NÃO a uma alternativa, só é possível fazê-lo se se disser SIM a outra alternativa mas, quando existe uma que é desejável, este bug apesar de existir é inócuo.
Se não existem desejáveis, então o bug deixa de ser inócuo pois ter-se-á sempre que votar numa que também é indesejável. Neste caso, o dilema das "falsas escolhas" é activado.

In brevis, as "falsas escolhas"é o dilema em que não há escolha possível pois tem sempre que se escolher o que não se quer. Como ilustração, a história do Casamento Democrático:


Numa comunidade, quando uma jovem faz 20 anos a família lista os seus pretendentes e vota o futuro marido. É tudo muito democrático pois o noivo é votado pelas mulheres de toda a família, incluindo noiva, avós, mãe, irmãs, tias, primas próximas e afastadas. 

O sistema é simples, vota-se e o mais votado casa. Se as mulheres da família não sabem quem escolher votam em branco mas, se preenchem mal o voto, este é anulado. É possível votar contra qualquer pretendente indesejável e a abstenção é mal vista pois demonstra falta de consideração para com a noiva e família.
Boletim de voto
Ultimamente, a situação começou a complicar-se porque, perante certas listas de candidatos, as votantes recusavam-se a votar pois teriam sempre que escolher um e nenhum prestava.
Este conflito sempre existiu, mas essas perturbações ficavam enevoadas com a discussão sobre o valor dos candidatos e com a inabilidade das votantes. Por outras palavras, discutia-se um sintoma (a escolha a fazer) mas não se discutia a sua causa (o método de escolha).

Na última votação, o escândalo explodiu. O problema foi que, das 20 mulheres da família, entre brancos, nulos e abstenções, o total das que não votaram foi 17. Houve 3 votos e, destes, um candidato obteve 2 conseguindo 66% dos votos pelo que, democraticamente, exigiu casar com a jovem.

O conflito agudizou-se porque, apesar de ser verdade, as eleitoras diziam que ele tinha 90% de não-apoios versus 10% de apoios, o que também era verdade. Criou-se um impasse, pois a discrepância era grande entre 66% de votos corresponderem apenas a 2 votos em 20 eleitores.

Até então, a comunidade costumava, discretamente, considerar essas situações como desacordos pontuais desprezáveis e a "esquecer". Desta vez, o impasse não foi "esquecido" e o principal ponto de atrito centrou-se no conceito de absentista.
Para uns, era alguém ausente que não estava interessado em escolher, para outros, era alguém que, interessado em escolher, não ia votar pois teria sempre que escolher contra a sua opinião. Esta posição defendia que não eram absentistas ausentes mas sim escapistas, presentes na recusa de não poder dizer NÃO a todos.

Absentista ou Escapista
de ter que votar o que não quer ?

Ainda apareceu o argumento que "...quem não gostasse de nenhum candidato que apresentasse outro". Porém foi refutado dizendo que a função do votante era votar não era construir listas de candidatos.

Das conversas entre todos, a conclusão geral foi que, realmente, não se poderia votar em consciência se houvesse obrigação de votar num indesejável. Neste caso, o escapista seria o eleitor que não queria fazer voto fraudulento pois sabia votar, sabia o que queria e não podia demonstrá-lo.

Com este consenso o diagnóstico foi fácil, o problema estava no Boletim de Voto e não nos candidatos, nem nos eleitores. A solução também foi fácil, era só acrescentar a alternativa "nenhum deles" no Boletim de Voto:
Boletim de voto com solução ao dilema
O bugzinho do Dilema das Falsas Escolhas foi descoberto e anulado, os votantes puderam passar a poder votar de acordo com a sua consciência.

Porém, esta mudança trouxe outros problemas, pelo que soluções foram procuradas. Por exemplo, para impedir círculos viciosos foi criada a regra de que, se o total de votos SIM fosse inferior a 50%, seria necessário fazer nova votação. Foi ainda acrescentado que, para evitar obter o mesmo resultado, os candidatos anteriores não poderiam tornar a ser candidatos na repetição pois, logicamente, se fossem elegíveis já o teriam sido na primeira vez.

Tudo acabou bem, o Casamento Democrático entrou numa nova era. O futuro tinha nascido a partir de eleitoras indecisas que não abdicaram de lutar pelo fim do voto armadilhado. Afinal, elas não eram eleitoras débeis mentais, mas sim eleitoras lúcidas mentais e irredutíveis acerca da existência de um bug  a solucionar.

___ FIM___

Regressando ao actual sistema democrático e aplicando a mensagem da metáfora descrita pode imaginar-se que, "por milagre", se fariam três modificações:

1º -  o bug "falsas escolhas" era retirado do boletim de voto por incluir a escolha "nenhum destes";
2º - era definido um limite legal mínimo para a total percentagem de SIM (50%?) inferior à qual a eleição era invalidada e repetida,
3º - nenhum candidato da eleição invalidada poderia ser candidato na sua repetição.

Com estas novas regras eleitorais o equilíbrio partidos, candidatos e eleitores alterar-se-ia. Acções políticas, estratégias e campanhas teriam que substituir a primazia da "luta por ganhar" pela prioridade de "todos não-perderem".
Na verdade, esta pequena diferença era crucial pois transformava os eleitores no factor decisivo das eleições com a sua capacidade de poder de vetar todos os candidatos. Até então, com o método anterior, numa lista de maus, um mau é sempre eleito mesmo com poucos votos, o que é um contrasenso democrático.

De salientar que, numa assembleia a votar propostas, a votação uma por uma evita este bug porque cada votação contem SIM e NÃO pelo que, no final, todas podem ser recusadas. Numa votação por listas, a alternativa "recusar todos" tem que estar incluída ou então o bug aparece.

Esta pequena alteração não é pontual é sistémica.
Por exemplo, se esta ficção fosse aplicada às Eleições Legislativas 2011 com os seus 55,7% de votos SIM em partidos (vide post anterior), o risco corrido para todos perderem e ficarem inelegíveis na repetição seria de 5,7% de votos a emigrar de pequenos e grandes partidos para absentistas, brancos ou nulos.
Como é óbvio esta possibilidade teria alta probabilidade de poder acontecer pelo que, mesmo sem ter sucedido, existiria um sério aviso para o cuidado a ter nas eleições de 2015. O fantasma do veto geral,  com a consequente inelegibilidade, seria uma Espada de Dâmocles sobre os candidatos da qual, actualmente, estão imunes. As relações sociedade civil versus sociedade politica adquiriria um novo perfil.

O argumento dos custos, riscos e benefícios envolvidos numa mudança deste genero são reais mas, quaisquer que sejam, nunca têm valor absoluto. São sempre valores relativos entre os de continuar como está e os de mudar. Na prática, as questões básicas a responder seriam as clássicas em gestão da mudança:

- Há, ou não, um problema a resolver? - se sim, então,
- Quais as vantagens e desvantagens do antes e depois da mudança? e ainda,
- Deixa-se ficar como está, altera-se ou há outra alternativa?


A derrota do bug

Porém, com ou sem resolver o dilema do boletim de voto, há outras alternativas para não se ficar emaranhado no bug "só pode dizer SIM". Porém, se os candidatos forem todos inaceitáveis ter-se-á primeiro que resolver o dilema das falsas escolhas pois, como disse o sábio ao rei, [...se toda a comida está envenenada não há escolha, a decisão é dieta].

Pelo contrário, se existirem candidatos aceitáveis (ver movieclip no final), o processo é simples, basta obter informação válida para poder votar de acordo com a consciência. O ponto crítico da indecisão é a falta de informação para decidir, portanto, a solução óbvia é providenciar informação adequada, in tempore. 

A solução disponível no século XXI, à semelhança da dinamização informativa da VOTF (USA), é a criação de uma rede social


que, sem estruturas de controlo nem lideranças, alimente, clarifique e pressione a existência de informação actualizada sobre compromissos, promessas e decisões da gestão da Res Publica (República). Na prática é a sociedade civil a manter-se informada e atenta ao que a sociedade política, por si eleita, faz ou vai fazer.

As redes sociais criam uma dinâmica diferente da comunicação de massas com o seu modelo "um-a-muitos". Este modelo tem diversos formatos, tais como, jornais, rádio TV, brochuras, cartazes, folhetos, etc. Entre, os mais vulgares estão as NOTÍCIAS, com a técnica do "gargalo de garrafa" (bottleneck effect) para filtragem da informação difundida:



Saliente-se que os comentários online nas notícias não alteram o bottleneck, pois também eles são controlados e representam apenas uma pequeníssima permilagem (uma dezena??) de opiniões enviadas/lidas em relação às milhares difundidas.


Se se analisar o processo "notícias", encontra-se duas entidades em acção, o pólo massmedia, emissor activo, que difunde "um a muitos" e o pólo leitor, receptor passivo, que acolhe a notícia sendo "um entre muitos". Este processo funciona como controlo centralizado sobre a informação recebida por MUITOS. 

No século XXI, este controlo perde hegemonia ao ser contrabalançado pelas redes sociais. Nestas, a grande diferença é que cada receptor passivo é também emissor activo, ou seja, tudo passa a ser conversa de "muitos-a-muitos".

Em resumo, nas redes sociais o controlo informativo desaparece pois todos decidem "sim ou não" às emissões. A validade dos conteúdos já não é por existir crédito no emissor "oficial", mas sim por serem aprovados pela capacidade crítica de quem recebe. A comunicação deixa de ser um circuito de "gentinha a ouvir celebridades" (riffraff hearing VIP's) para ser um fluir de significados entre "pessoas a falar com pessoas" (persons talking to persons).

Esta diferença comunicativa tem grande importância pois o poder de mobilizar deixa de depender de lideres, estruturas e recursos e só depende da capacidade de cada receptor criar significados e ser emissor. Esta capacidade depende directamente da quantidade e qualidade da conexão com amigos, conhecidos e outras redes sociais e da facilidade com que um click pode abrir a emissão, liberto de fronteiras, horários, burocracias, hierarquias, etc.

Este funcionamento ultrapassa os "bottlenecks das notícias" e recria a tradicional conversa do "largo da aldeia" mas, agora, uma aldeia a nível planetário onde todos falam com todos.

Redes sociais fora do massmedia
na Aldeia Global em Portugal
A par de redes sociais para a obtenção de informação, existem outras formatos, um das quais é o formato Q&AM  - Question Answer Meeting

Q&AM - Question Answer Meeting

Este formato baseia-se num grupo questionante que prepara uma lista de perguntas concretas para esclarecer dúvidas e a serem respondidas em sessões faca-a-face com palestrantes. A sua utilização vai desde o ensino (Peer System) até à maturação colaborativa, passando por esclarecimento político.

Ao contrário de conferências e comícios nos quais o orador diz o que quer, como quer e quando quer, no Q&AM o orador diz o que os ouvintes querem saber. É uma espécie de QA, na perspectiva da Quality Assurance e Quest-Answer.
Durante o questionamento, em função das respostas, novas perguntas podem surgir que, escritas pelos participantes, são projectadas e ficam em standby como referência para futuras respostas e/ou futuras perguntas.

No caso de esclarecimento político, o objectivo do Q&AM não é possibilitar "missionação política" aos candidatos, mas sim criar condições para os eleitores esclarecerem dúvidas existentes e validar credibilidade e compromisso do candidato.  Numa palavra, é dar informação aos eleitores para eliminar indecisões.

Como é óbvio, objectivos diferentes obrigam a organizações diferentes. Como exemplo, dois formatos distintos aplicados à mesma sessão de 90 minutos com 100 participantes e 1 candidato.

A - Missionação política

1 - Na hora marcada os participantes entram na sala para assistir à palestra.
2 - O candidato fala durante 60 minutos com o discurso preparado e os eleitores assistem.
3 - No últimos 30 minutos, os eleitores colocam perguntas e o candidato responde.

Considerando que cada conjunto pergunta-resposta leva 5 minutos (2m pergunta + 3m resposta), os 30 minutos de dúvidas apenas permitem a 6 eleitores (6x5m=30m) participarem, pelo que 94% continuam apenas ouvintes.
Se se fizer blocos de perguntas para o candidato responder, poupar-se-á algum tempo nas respostas (1m a 1,5m em cada) mas elas perderão focagem e aumentará a generalidade. Por outro lado, só haverá uma poupança de 6 a 9 minutos, permitindo apenas mais 1 a 2 questões, pelo que passa de 6 para 8%.

Como se deduz, neste modelo a participação não é significativa com os seus 92 a 94% de ouvintes calados,

Em resumo, o núcleo duro do formato são 60 minutos de palestra com uma participação activa de 6 a 8% dos ouvintes esclarecendo as suas dúvidas. Normalmente, este debate é uma troca de "fait divers" técnico-afectivos, uns positivos na confirmação e outros negativos na contestação.

B - Esclarecimento Q&AM

1 - Antes da hora marcada, o grupo de participantes tem uma sessão prévia para preparação. Em média, são precisas 2 horas para 100 pessoas.
Nessa preparação, 100% dos participantes colocarão todas as dúvidas que pretendem esclarecer. Essa listagem de dúvidas será "clustered" (no calão técnico "clusterizada", isto é, agrupadas, integradas, relacionadas, sintetizadas) e formalizadas 12 perguntas (12x5m=60m) concretas a serem respondidas pelo candidato na 1ª parte da sessão.
A lista final será validada por todo o grupo e será reformulada caso alguém concluir que uma dúvida apresentada não está expressa.

Para aumentar a eficiência e eficácia, a preparação poderá utilizar metodologias de metaplan, cafe, buzzgroup, virose, etc, possibilitando um questionamento mais lúcido, profundo e concreto sobre a informação pretendida e ainda definir critérios para avaliar a qualidade das respostas obtidas. 

2 - Nos primeiros 60 minutos são apresentadas as perguntas preparadas com origem nas dúvidas de 100% dos participantes e ouvidas as respostas do candidato. Durante este período, eventuais novas dúvidas surgidas poderão ser comunicadas (escrito ou oral) à organização do Q&AM.

3 - Nos 30 minutos finais, as dúvidas surgidas na fase anterior serão apresentadas, eventualmente complementadas com questionamento directo.

Em resumo, o núcleo duro deste formato são 90 minutos para informação respeitante às dúvidas existentes. A 1ª parte reporta-se à questões obtidas previamente com 100% de participação e na 2ª parte aos aspectos conspícuos obtidos "in loco" por 100% do grupo.

O Q&AM, apesar de poder ser difundido pela internet, é diferente do modelo debate TV onde a conversa (programada ou espontânea) é entre poucos para ser difundida para muitos.

No debate TV em directo ou diferido, o verdadeiro interlocutor não é o "interlocutor" TV, pois todos falam para os telespectadores que não interferem, apenas ouvem, calados com a participação possivel  de 0%.
Os telefonemas online, filtrados ou não, são apenas "show" pois representam 0,000000??% em milhares de telespectadores, isto é, são entretenimento não são intervenção.
O interlocutor presente na sala, qualquer que seja a sua intervenção, apenas serve como "tabela", um mero pretexto, para outro aproveitar e difundir os "falares" desejados para os ouvintes telespectadores. Muitas vezes, qualquer relação entre o que um diz e o outro responde é pura coincidência.

Como diz a "teoria", no debate TV, o importante não é o que acontece lá mas sim a sua consequência na percepção dos telespectadores, ou seja, a regra é "Perder no debate e ganhar na audiência é óptimo, o contrário é péssimo".
No debate Q&AM a regra é diferente, ela diz que "Perder no debate é perder tudo" pois a audiência presente é o único interlocutor e as consequências só existem nela. Os participantes convencem-se ou não, entregam o seu voto ou não, tudo começa e acaba aqui.

Como exemplo de um Q&AM simplificado, apresenta-se um movieclip (4m) do filme Swing vote, 2008, com Kevin Costner. Neste caso, apesar de haver audiência, ela não "existe", pois a única consequência existente é o único interlocutor dos candidatos decidir em quem vai votar.

Tema:
Na eleição do Presidente USA, os dois candidatos ficam empatados. Descobre-se que, numa aldeola do Novo México, por falha de energia, o eleitor ficou registado mas o seu voto não ficou. Por lei, neste caso, o cidadão pode repetir o voto no prazo de 10 dias. Entretanto devido ao empate existente, este único voto decidirá o Presidente eleito.

O cidadão cujo voto sofreu falha de energia (Kevin Costner) é um desempregado, semi alcoólico, politicamente analfabeto, abúlico, crédulo que só vive o "momento presente". Durante 10 dias é "perseguido" pelo massmédia e pelo marketing dos candidatos que o tentam "caçar" para o seu lado.
O seu Alter Ego é a filha de 10 anos, politicamente activa, que o protege, "chateia" e defende das manipulações e responsabilidade em que foi mergulhado.

Por fim, decide que tem que votar e precisa de informação. Entretanto, como recebeu milhares de cartas com pedidos e informações que não leu, angustiado, começa a lê-las e acaba por pedir um Q&AM com os dois candidatos onde estes responderão às suas perguntas, para ele poder escolher um deles.

Preparando perguntas, perguntando, decidindo o voto


Conclusão

Os indecisos são uma classe lógica. Eles são os excluídos da informação política apesar de serem a sua força "laboral", no geral produzem a votação que dará a escolha final. Esta "responsabilidade" é clara nos títulos das notícias:


Sociologicamente, os indecisos não são um grupo. Na metáfora do "Casamento Democrático", foi o escândalo de obter 66% de apoio com 2 votos que provocou o detonador ("trigger") da transformação da classe lógica "eleitoras indecisas" em grupo decidido a alterar a situação.

Simplesmente, o facto de nas Democracias os milhares ou milhões de indecisos existentes não serem grupo, não invalida a projecção de que o "futuro está nos indecisos".
A semente está lá, só falta germinar na comunidade. Se o trigger (detonador, gatilho) aparecer, o tipping point (ponto de inflexão, viragem, contacto) unirá redes e a classe lógica com milhões de indecisos fará a metamorfose para grupo:


Continuação...

... a Democracia vive fora do real e dentro do mundo virtual das imagens difundidas. Assim, surge o 11º post, "Pregoeiros no poder ".

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Indice do Blog
(com links para os posts já publicados)

No princípio era o caos
A viragem da civilização 
Fugindo da estupidez organizacional
A evolução aos "éssses 

Temporada 2 - Soluções?
Não guiar pelo espelho retrovisor

Morreu o consensus, viva o dissensus

A técnica do Jazz e o dissensus
E assim, co-labora ou morre

E por fim, a democracia da cumplicidade 
Aqui no futuro?

O 1º sonho

Video resumo: Nova Democracia