Nas ditaduras conclui-se mas não se discute.
Nas demo-crácias discute-se e não se conclui.
Nas Democracias dialoga-se e conclui-se.
Demo-cracia é o governo pelos demos. O que era um demo?
Era uma divisão territorial que participava no governo colectivo. Cada pessoa tinha um placa de identificação (Pinakion) com o nome, o nome do pai e o demo a que pertencia e, com isso, participava na res publica.
Assim, democracia é o governo pelos demos e os demos eram pessoas pertencentes a uma divisão territorial, pelo que a democracia seria o governo das pessoas sobre o seu conjunto.
Para as pessoas poderem participar, teria que ser de um modo relacional e natural, acessível a todos. Surge assim a conversa como o alicerce da democracia, pelo que o diálogo era a ferramenta democrática por excelência.
Segundo Peter M. Senge [The fifth discipline], para os gregos, dia-logos significava [...o livre fluir de significados através de um grupo...para descobrir o que gostavam e que não seria obtido individualmente nem esperavam obter].
Na época, havia grupos de opinião mas não existiam fragmentações oficiais em pedaços, hoje chamados partidos, a condicionar o livre fluir das opiniões e dos diálogos.
A democracia era directa, sem representantes. O slogan poderia ser "Todos dialogavam, todos votavam".
Ainda segundo P. Senge [MIT and Sol, Abr. 1999], um antigo filósofo grego afirmou que [...quando a votação começa, a Democracia termina], significando assim que a essência da Democracia é o diálogo, a votação é um seu sub-produto.
No séc. XVIII (Revolução Francesa, 1789) e séc. XIX, com o estremecer e o cair das oligarquias familiares, conhecidas como monarquias, foi criado e difundido o "Westminster system" que formatou um modelo para a futura democracia e introduziu a técnica governo versus oposição. Com a sua difusão, ele foi adoptado universalmente como "O" sistema democrático e chamado "democracia de representantes".
Segundo Peter M. Senge [The fifth discipline], para os gregos, dia-logos significava [...o livre fluir de significados através de um grupo...para descobrir o que gostavam e que não seria obtido individualmente nem esperavam obter].
Na época, havia grupos de opinião mas não existiam fragmentações oficiais em pedaços, hoje chamados partidos, a condicionar o livre fluir das opiniões e dos diálogos.
A democracia era directa, sem representantes. O slogan poderia ser "Todos dialogavam, todos votavam".
Ainda segundo P. Senge [MIT and Sol, Abr. 1999], um antigo filósofo grego afirmou que [...quando a votação começa, a Democracia termina], significando assim que a essência da Democracia é o diálogo, a votação é um seu sub-produto.
No séc. XVIII (Revolução Francesa, 1789) e séc. XIX, com o estremecer e o cair das oligarquias familiares, conhecidas como monarquias, foi criado e difundido o "Westminster system" que formatou um modelo para a futura democracia e introduziu a técnica governo versus oposição. Com a sua difusão, ele foi adoptado universalmente como "O" sistema democrático e chamado "democracia de representantes".
Na prática, o novo sistema alterou a origem da oligarquia, substituindo a oligarquia de famílias (rei e aristocracia) pela oligarquia de eleitos (presidente e deputados).
Este critério permitiu separar as pessoas da sociedade em dois grupos, "people" (gente) que vota e "persons" (pessoas) que discutem, isto é, o governo e a oposição.
Deste modo, a versão teórica de "Democracia do povo pelo povo para o povo" tem a versão prática de "Democracia do povo (gente) pelos representantes do povo (pessoas)... mas para quem?" Para o povo ou para os representantes do povo (oligarquia de eleitos e seus suportes)? Resolver esta questão é hoje um dos principais bugs da Democracia.
Fazendo a separação gente-pessoas por uma lógica de peneira chamada votação, a nova oligarquia estava pronta a funcionar:
Enquanto que na Democracia grega o diálogo era o fundamental e a votação era um sub-produto necessário, agora a votação é o fundamental e o diálogo é um mal necessário a minimizar (consulte-se técnicas de marketing político).
Nos princípios do séc XXI, fala-se oficiosamente no conceito de "sociedade civil". Sobre este conceito, admitindo que não é contraponto à sociedade militar, surge a questão principal, "O que é a sociedade civil?"o que arrrasta outras questões adjacentes:
- Se não é eleito, porque é que depois das eleições fica a fazer parte da sociedade civil?
- O que é que perde, ou o que é que ganha, para ficar assim classificado?
- Qual é a diferença democrática entre sociedade civil e não-civil? Como se definem?
Oligarquia de eleitos
Qual a lógica da democracia dentro da oligarquia dos eleitos? Como é que funciona?
- Qual é a diferença democrática entre sociedade civil e não-civil? Como se definem?
- Quais as diferenças sociológicas entre civil e não-civil: estatuto, direitos e deveres, imunidades e impunidades, interesses oligárquicos ou não, oportunidades de negócios e carreiras, benesses, usufruto de recursos públicos, etc?
Oligarquia de eleitos
Qual a lógica da democracia dentro da oligarquia dos eleitos? Como é que funciona?
Sócrates, Platão e Aristóteles ensinaram que a verdade se obtém peneirando os erros.
Com este método, dois interlocutores em busca da verdade praticam um permanente jogo, do tipo Juiz-Réu onde, alternadamente, trocam de papéis. Tudo se resume a uma autêntica caça aos erros pelo contra-argumento versus argumento, na esperança de que, deste modo, a verdade escondida venha à superfície.
As regras deste jogo são muito simples. A única acção a fazer é demonstrar que o outro está errado, procurando sempre argumentar contra qualquer afirmação sua. Por este peneirar sucessivo, chegar-se-á a um ponto em que não há mais argumentos contra, o trigo estará separado do joio e a verdade fica à superficie.
Cria-se, assim, um sistema adversário, onde se entrechocam factos a favor e factos contra, numa luta por vitória, em que cada um procura ser melhor e derrotar o outro. Espera-se que o choque da tese e da anti-tese faça nascer a verdade.
Porém, uma boa crítica impede uma má proposta mas não constrói uma boa proposta. A mezinha da Oposição, incluída no Westminster system, poderá impedir o errado mas não constrói o correcto:
Porém, uma boa crítica impede uma má proposta mas não constrói uma boa proposta. A mezinha da Oposição, incluída no Westminster system, poderá impedir o errado mas não constrói o correcto:
[...a parliamentary opposition (in a multi-party system) with an official Leader of the Opposition.]
[...with an ability to dismiss a government by "withholding (or blocking) Supply" (rejecting a budget), passing a motion of no confidence, or defeating a confidence motion. The Westminster system enables a government to be defeated or forced into a general election independently.]
Regressando à democracia grega, esta valorizava o Diálogo para construir soluções e não a Oposição para impedir erros. Estes dois processos não usam a mesma metodologia. O primeiro usa o sistema adversário baseado na oposição, o segundo usa o sistema colaboração, baseado no diálogo.
Assim, a acção crítica de eliminação de erros deve ser sempre entendida e usada como um meio para potenciar a colaboração e não para impedi-la.
Na luta Democrática, por estrangulamento de perspectiva, cada participante, agora chamado "militante", concentra-se apenas na posição anti, opondo-se e destruindo tudo o que considera erro, numa tentativa constante de depurar a verdade escondida. Como consequência, esquece-se de descobrir os aspectos bons da proposta do outro e apoiá-los para pesquisa de novas soluções.
Mediante regras bem definidas, cada bloco homogéneo de soluções pré-adoptadas (partido) ataca com “factos contra” qualquer proposta feita por outro bloco homogeneizado (outros partidos), numa lógica de perseguição mútua.
Deste modo, o sistema adversário torna-se cada vez mais rígido e cristalizado e cada vez mais afastado da colaboração necessária à construção de uma nova solução.
Deste modo, o sistema adversário torna-se cada vez mais rígido e cristalizado e cada vez mais afastado da colaboração necessária à construção de uma nova solução.
Conclusão
Neste sistema de luta entre Governo e Oposição, manejam-se argumentos e contra-argumentos num diálogo democrático feito de incriminações e, quanto mais houver, e mais antigas forem, melhor será pois provam que o outro não é digno de confiança.
Nesta Democracia tipo circo romano, vive-se o dogma de que o lutador que melhor destrua as soluções dos outros será também aquele que melhor construirá as próprias soluções. Raciocínio interessante, se pensarmos que um bom lenhador a cortar árvores é bem diferente de um bom agricultor a fazê-las crescer.
O resultado prático desta dinâmica é a chamada alternância democrática, pela troca de posições:
A Oposição (que se opunha) passa a Governo e apresenta propostas.
O Governo (que fazia propostas) passa a Oposição e opõe-se.
Deste modo, o slogan da alternância democrática é:
MORREU A LUTA!!!!
VIVA A LUTA!!!!
Actualmente, com as Redes Sociais, o Diálogo retoma a sua preponderância na participação democrática, devendo todavia libertar-se do "vírus" da luta e da competição, e readquirir a perpectiva de construção colectiva.
Na continuação deste post, interessará saber, nesta lógica, QUEM SÃO OS ACTORES.
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Indice do Blog
(com links
para os posts já publicados)
Temporada 1 - Problemas
E a sociedade?
Alternativas pós-tradição
No
princípio era o caos
A viragem
da civilização
Fugindo da
estupidez organizacional
A evolução
aos "éssses
Temporada 2 -
Soluções?
Não guiar
pelo espelho retrovisor
Morreu o
consensus, viva o dissensus
A técnica
do Jazz e o dissensus
E assim,
co-labora ou morre
E por fim,
a democracia da cumplicidade
Aqui no
futuro?
O 1º
sonho
Video
resumo: Nova Democracia