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terça-feira, 12 de maio de 2015

A luta Democrática - uma história de heranças

Um pai tinha 10 filhos e era dono de uma grande quinta.
Durante toda a sua vida,  geriu o dia a dia da herdade com o poder inerente ao fundador daquela pequena comunidade.




Enquanto os filhos eram pequenos, agiu como um déspota benevolente, tipo síndrome de Salomão, orientando a vida deles e, ao mesmo tempo, a sua capacidade para gerir a quinta.

Depois, quando os filhos cresceram, as decisões passaram a ser debatidas entre todos, acabando sempre ele, o monarca "empossado", a decidir o que fazer na e com a família, conciliando o interesse desta com a vontade colectiva, tal como ele entendia ambas.

Morre já muito idoso, deixando aos filhos, como herança, a quinta dividida em partes iguais.

Estes, para a governarem, resolveram escolher entre si o irmão que ficaria com a responsabilidade de orientar a vida familiar, uma espécie de "pai substituto", atendendo aos desejos dos representantes das familias parciais.

Feita a votação, o irmão-eleito assumiu funções, cumprindo as promessas aquando da posse e garantindo ao mesmo tempo o funcionamento da comunidade até novas eleições.

Depois da posse, a casa principal passou a ser a sede da quinta, onde vivia o irmão-eleito com sua família, ficando os restantes irmãos a morar nas casas secundárias.

Os irmãos-não-eleitos deixaram de participar nas decisões quotidianas, limitando-se a cumprir as orientações dadas. Às vezes, surgiam desacordos que seriam decididos na altura da nova eleição.

Na prática, depois da morte do pai, um irmão ficou irmão-proprietário e os outros passaram a ser irmãos-empregados. Só no dia de eleições, eles voltavam a ser todos, por um dia, irmãos-proprietários.

A noite da votação era sempre muito animada, com festas, alegria e, também, discussões. No final, um festejava e os outros entristeciam.

Cada um procurava ficar com a familia na casa principal e ser, durante algum tempo, o dono da quinta. Não era fácil, pois cada um teria que convencer os outros que o anterior tinha feito asneiras e prometer que faria melhor. 

Liam-se notas e relatórios, ouviam-se testemunhos e contestações,  listavam-se privações e fome, num acumular de culpas, responsabilidades e falta de apoios. As crianças assistiam para aprender.

A lógica era clara. Quanto mais erros o irmão-proprietário tivesse feito, maior seria a probabilidade de ser substituido por um seu opositor. Assim, o erro de um era o trunfo de todos os outros.

Num dia de eleições, o filho de um deles, com 8 anos de idade, ao ver o pai criticar tanto os erros do tio-gestor, perguntou:


— Oh pai, porque é que não o ajudaste ?? Poderias ter evitado que tivessemos tido fome !! 


CONCLUSÃO

O centro da luta democrática é muito mais a tomada do Poder do que a solução dos problemas da comunidade.

No próximo post, discute-se a dificuldade de colaboração entre um Governo e a Oposição.

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Indice do Blog
(com links para os posts já publicados)

No princípio era o caos

A viragem da civilização 
Fugindo da estupidez organizacional
A evolução aos "éssses 

Temporada 2 - Soluções?
Não guiar pelo espelho retrovisor

Morreu o consensus, viva o dissensus

A técnica do Jazz e o dissensus
E assim, co-labora ou morre

E por fim, a democracia da cumplicidade 
Aqui no futuro?

O 1º sonho

Video resumo: Nova Democracia



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