Um pai tinha 10 filhos e era dono de uma grande quinta.
Durante toda a sua vida, geriu o dia a dia da herdade com o poder inerente ao fundador daquela pequena comunidade.
Enquanto os filhos eram pequenos, agiu como um déspota benevolente, tipo síndrome de Salomão, orientando a vida deles e, ao mesmo tempo, a sua capacidade para gerir a quinta.
Depois, quando os filhos cresceram, as decisões passaram a ser debatidas entre todos, acabando sempre ele, o monarca "empossado", a decidir o que fazer na e com a família, conciliando o interesse desta com a vontade colectiva, tal como ele entendia ambas.
Morre já muito idoso, deixando aos filhos, como herança, a quinta dividida em partes iguais.
Estes, para a governarem, resolveram escolher entre si o irmão que ficaria com a responsabilidade de orientar a vida familiar, uma espécie de "pai substituto", atendendo aos desejos dos representantes das familias parciais.
Feita a votação, o irmão-eleito assumiu funções, cumprindo as promessas aquando da posse e garantindo ao mesmo tempo o funcionamento da comunidade até novas eleições.
Depois da posse, a casa principal passou a ser a sede da quinta, onde vivia o irmão-eleito com sua família, ficando os restantes irmãos a morar nas casas secundárias.
Os irmãos-não-eleitos deixaram de participar nas decisões quotidianas, limitando-se a cumprir as orientações dadas. Às vezes, surgiam desacordos que seriam decididos na altura da nova eleição.
Na prática, depois da morte do pai, um irmão ficou irmão-proprietário e os outros passaram a ser irmãos-empregados. Só no dia de eleições, eles voltavam a ser todos, por um dia, irmãos-proprietários.
A noite da votação era sempre muito animada, com festas, alegria e, também, discussões. No final, um festejava e os outros entristeciam.
Cada um procurava ficar com a familia na casa principal e ser, durante algum tempo, o dono da quinta. Não era fácil, pois cada um teria que convencer os outros que o anterior tinha feito asneiras e prometer que faria melhor.
Liam-se notas e relatórios, ouviam-se testemunhos e contestações, listavam-se privações e fome, num acumular de culpas, responsabilidades e falta de apoios. As crianças assistiam para aprender.
A lógica era clara. Quanto mais erros o irmão-proprietário tivesse feito, maior seria a probabilidade de ser substituido por um seu opositor. Assim, o erro de um era o trunfo de todos os outros.
Num dia de eleições, o filho de um deles, com 8 anos de idade, ao ver o pai criticar tanto os erros do tio-gestor, perguntou:
— Oh pai, porque é que não o ajudaste ?? Poderias ter evitado que tivessemos tido fome !!
CONCLUSÃO
O centro da luta democrática é muito mais a tomada do Poder do que a solução dos problemas da comunidade.
No próximo post, discute-se a dificuldade de colaboração entre um Governo e a Oposição.
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Indice do
Blog
(com links
para os posts já publicados)
Temporada 1 - Problemas
E a sociedade?
Alternativas pós-tradição
No
princípio era o caos
A viragem
da civilização
Fugindo da
estupidez organizacional
A evolução
aos "éssses
Temporada 2 -
Soluções?
Não guiar
pelo espelho retrovisor
Morreu o
consensus, viva o dissensus
A técnica
do Jazz e o dissensus
E assim,
co-labora ou morre
E por fim,
a democracia da cumplicidade
Aqui no
futuro?
O 1º
sonho
Video
resumo: Nova Democracia
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